outubro 20, 2007

Flexisegurança-Import/Export

Berlim, 20 de Outubro 2007
Sem sono, acabo de ler a Intervenção do Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social na abertura do Seminário «Flexisegurança no Contexto Europeu: Desafios e Oportunidades», em 2006-09-25, e possível de ler no Portal do Governo.
Após mais alguma pesquisa, acabo por encontrar um artigo no Diário Económico sobre o mesmo assunto. Assusta-me esta coisa da importação de modelos, ainda mais de modelos de países nórdicos que, em nada tem a haver com a mentalidade mediterrânicas e muito menos portuguesa.
Vejamos as realidades:
- O trabalhador médio em Portugal quando obtem um emprego, pensa que este é até ao fim da vida

Os governos nórdicos sempre assumiram uma postura de políticas baseadas em planeamento, os governos portugueses sempre o fizeram em cima do joelho. Planeamento é coisa que não existe.

Não seria melhor primeiro importar o modelo nórdico de fazer política e só depois importar as outras importações?

Vejamos as mentalidades:
- os nórdicos alugam casas, apartamentos
- os portugueses compram a sua casa.

Humm, compram? Ou simplesmente vivem a ilusão de algo deles que pertence a um Banco? O que tem isto a ver com Flexisegurança? Bem Flexi é que não é. Quem é que vai ser flexível em mudar de emprego para uma outra área que não seja onde tem o seu castelo? Segurança? bem depende da construção do edifício.

Mas voltemos de novo ás importações de modelos. O modelo que mais apreensão me causa, devido ao seu impacto a médio e pequeno prazo, é o do Processo de Bolonha.

Segundo a Universidade Nova de Lisboa:
- O que é o Processo de Bolonha?
bem, basicamente é a uniformização do sistema educativo á escala europeia, adoptando o modelo anglo-saxónico.
- Que benefícios traz o Processo de Bolonha para os actuais e futuros estudantes?
Aqui, só me apetece rir, e á gargalhada.... Segundo o site da UNL os benefícios são:

  • Maior flexibilidade
    Haverá maior flexibilidade no desenho dos programas de estudos e dos percursos académicos pois, no final do primeiro ciclo, os licenciados terão a possibilidade de entrar de imediato no mercado de trabalho ou de continuar uma especialização num programa de segundo ciclo;

    Desculpe? Entrar de imediato no mercado de trabalho ou preencher de imediato o registo no IEFP? Será que ninguém consegue vislumbrar que a redução do número de anos para se obter um grau académico superior, vai implicar o aumento do número de pessoas a sair das universidades e que o actual tecido empresarial português não está preparado para absorver esse número? Se o panorama actual é o que é, licenciados nas caixas dos supermercados, nas lojas dos centros comerciais, como vai ser daqui a 2 anos?
  • Maior mobilidade
    Quando se refere a maior mobilidade, pretende-se que um aluno português possa num decurso de um ciclo de estudos frequentar qualquer universidade europeia que depois lhe é reconhecida automaticamente a equivalência.
    ??? Como??? Desculpe??? Alguém me poderá confirmar, do número de alunos portugueses cujas famílias podem suportar economicamente a estadia deste num país como Inglaterra, Alemanha, Noruega num ciclo de estudos???? Bem só se for em Espanha, ou então uma universidade portuguesa. No último caso, de ser uma universidade portuguesa, ficarei estupefacto, pois se há poucos anos atrás um aluno de Matemática da Universidade do Algarve para pedir equivalência na Universidade de Coimbra teria de passar um calvário para que lhe aceitassem 60% das equivalências.


Com esta coisa toda, começou a dar-me o sono, deve ser do efeito Flexi Import/eXportZ.

Se tudo isto não fizer sentido, olhe que se lixe, eu nem estou mais por aí.

Boa Noite

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